Quando minhas
queridas amigas Kellyta e Chris saíram de Milão e rumaram de volta ao Porto, eu
fui para uma outra aventura: conhecer a Polônia e visitar Caroline, minha colega polonesa que dividia o quarto comigo durante meu intercâmbio na cidade de Covilhã, Portugal. Estava ansiosa e muito empolgada para chegar num dos países
que mais queria conhecer.
Meu roteiro ficou por conta da minha
amiga Caroline que é de uma pequena cidade no interior da Polônia chamada
Sulejów. Cheguei no aeroporto de Łódź num domingo à tarde. Ele é bem
pequeno e não muito afastado do centro da cidade, tem ônibus e o taxi varia em
torno de 30zl. Eu aconselho pegar táxi porque a maioria das pessoas não fala
inglês.
Antes de ir para a cidade da Carol, e
levando em consideração que minha permanência na Polônia seria bem corrida,
aproveitamos para andar um pouco pela segunda maior cidade da Polônia: Łódź.
Quem gosta de tirar fotos com estátuas
e não perde a oportunidade de simular uma conversa com elas vai adorar Łódź. Me
deparei com diversas no meio da rua! A mais famosa é a do pianista ArthurRubenstein que fica em frente à casa onde ele morou.
Outro ponto forte da Cidade são as
construções com tijolinhos vermelhos que constituem uma das partes mais
importantes da história da cidade. Łódź
nos tempos da Revolução Industrial despontou e foi o principal centro de
produção têxtil do Império Russo. Um grande exemplo disso é o Manufaktura. Um
antigo conjunto de fábricas têxteis que virou shopping. A estrutura foi
conservada e do lado de fora tem uma espécie de praça bem bonita e muito
grande.
Łódź é também conhecida pelas artes. Lá
tem uma das escolas de cinema mais famosas da Europa e alguns filmes também
usaram a cidade como cenário. Não fui,
mas vale a pena conferir o Museu do Cinema de lá. Rapidamente é possível
conhecer pontos principais do centro da cidade, não precisa de mais que uma
tarde. No domingo a cidade fica deserta, pouquíssimas pessoas nas ruas.
Com o frio que estava fazendo, Carol me
aconselhou a tomar um copo de Grzaniec z
pomarancza, um delicioso vinho quente com laranja. Imagine que um vinho já
esquenta, quando é servido quente então... Sem contar que os polacos não curtem
bebida fraca. Com mais um copo chegava bêbada na casa dos pais dela.
Vinho e manufaktura |
Sulejów
Cheguei era fim de tarde. Uma
cidadezinha com cerca de 7 mil habitantes. Os pais de Carol nos esperavam com
todo carinho do mundo. Fui tão bem recebida que até parecia estar chegando à
casa de velhos amigos brasileiros. Mas eles nunca haviam me visto antes e muito
menos falavam português, nem inglês (o que é bem normal na Polônia). A conversa
era bem engraçada. Com minha pouca experiência na língua polaca, entendia
algumas palavras e com isso, às vezes, compreendia sobre o quê eles conversavam
antes da Carol traduzir.
A agonia e ansiedade de Malgo, mãe da
Carol, em querer me dizer as coisas era tanta que ela conversava olhando em
meus olhos e eu compreendia toda a emoção. Foi uma das experiências mais
incríveis de toda minha vida.
Mais surpreendente ainda foi encontrar
com a irmã e o sobrinho da Carol, Kate e John, em um pub. John estava ansioso pelo
encontro e eu mais ainda. Um doce de menino de 6 anos. Estudou palavras em
inglês para conversar comigo e até desenhou o brasão da República Federativa do
Brasil (o qual muito brasileiro nem sabe como é) e meu nome em polonês. Fiquei
apaixonada.
John, Kate, Carol e Thamara |
O prato que a mãe da Carol fez foi
delicioso, embora eu não coma carne de porco normalmente. É claro que eles não
precisavam saber desse detalhe. A bebida foi um tanto, eu diria BEM, exótica.
Chama-se Grzane Piwo. Sim, cerveja
quente. É uma mistura fervida de cerveja com groselha. E não é que fica boa? No
início o paladar é estranho, porque o gosto da cevada fica bem realçado, mas
depois acostuma. Eles realmente são preparados para o frio que faz lá.
Piwo |
Durante a madrugada acordamos para
pegar carona com o tio da Carol até a Cracóvia, onde pegaríamos um trem até Oświęcim
para ver um pouco da triste história da Polônia no campo de concentração
Auschwitz I.
Auschwitz
Depois da Carol passar
por um conflito interno, ela decidiu que deveria me levar até o campo de
concentração. O caminho é feito de trem, num visual ao mesmo tempo fantástico e
melancólico. Foi a terceira vez dela lá e, ainda assim, a dor permanece visível
em seus olhos.
Havia um grupo de
alemães em excursão escolar e cruzamos com eles algumas vezes, quando Carol falava
sobre o horror que tinha daqueles que foram responsáveis por muita dor.
Entrada de Auschwitz I - No letreiro está escrito "Arbeit Macht Frei" que significa "O trabalho liberta" |
Campo de Concentração Auschwitz I |
Fomos
apenas no Auschwitz I, por escolha da Carol e eu achei até bom. Com uma manhã dá
para visitá-lo. A entrada é gratuita, mas é legal comprar um encarte com um
mapa e a explicação de alguns pontos. Já se preferir visitar tudo, acredito que
um dia inteiro seja suficiente. Para saber mais do Auschwitz II – Birkenau você
pode conferir dicas no post Campo de Concentração Nazista: Auschwitz sob as lentes de Fernando Priamo.
De lá pegamos um ônibus até a estação de trem e
fomos à Cracóvia.Kraków
A antiga capital da
Polônia tem muita história e igreja para se ver. Logo que chegamos procuramos um mapa, e já
adianto que os distribuídos de graça não são muito bons. Melhor pesquisar bem
antes.
Na Cracóvia foi tudo
muito rápido também. Demos uma volta pela cidade à tarde, é bem fácil fazer
tudo a pé. O primeiro ponto turístico foi a Praça do Comércio, na cidade velha,
que conserva o Sukiennice como um bom local para se comprar souvenirs. O
principal é o dragão. Tem dragão de todos os tipos e preços, cada um mais lindo
que o outro. Na Praça está também a Basílica de Santa Maria que lembra bastante
Praga.
Depois fomos ao tão
esperado Monte Wawel, onde estão o Castelo Real, a Catedral da Cracóvia e o
Covil do Dragão, cada um com uma forma. Tudo muito lindo à beira do Rio
Vístula. Para visitar o entorno não paga nada, mas para entrar nas dependências
reais, na Catedral e no Covil paga-se uma taxa.
O castelo era a
residência da família real quando a Cidade era a capital da Polônia. Ele possui
diversas estruturas independentes, como a bela catedral, que contém diversas
capelas laterais e guarda os restos de reis e nobres poloneses. Muito bonito
mesmo e rapidamente dá para ver tudo. Mas vale a pena parar um pouco para
contemplar o Rio Vístula, a paisagem é sensacional.
Ao descer do Castelo
aproveite para passar pela Igreja de São Pedro e São Paulo que é outro ponto
turístico da Cracóvia.
Rio Vístula |
Palácio Real |
No último dia na
Polônia, antes de voltar a Łódź fomos dar uma passada pelo bairro judeu. Estava
nevando muito, então não consegui ver muita coisa. De qualquer forma aconselho
dar uma volta por ali e comer uma Zapiekanki.
Huummmm, só de lembrar me dá água na boca. É como se fosse uma pizza, mas é
um pão gigaante com o recheio por cima. Delicioso demais. Vale o almoço porque
é difícil dar conta de tudo.
Zapienkanki |
Bairro Judeu |
Igreja Judaíca |
Depois de tanta correria voltamos para Łódź onde eu pegaria meu voo e deveria me despedir de uma amiga e de uma boa fase da minha vida que eu saberia jamais voltar.
Espero ter contribuído para algum
roteiro de viagem e ter mostrado que a Polônia é um ótimo destino.
A música polaca indicada é a Jestés
Szalona do Boys Szalona, adoro!
Gostou da viagem da Thamara? Quer contar sua experiência também? Entre em contato!
*Thamara Paiva é jornalista e morou seis meses em Portugal, na cidade de Covilhã, onde realizou seu intercâmbio acadêmico.
adorei thamara! ainda mais porque depois nem nos encontramos mais e nem fiquei sabendo da sua viagem!
ResponderExcluirgostaria de ter visitado a polônia também. no mais, chódzmy do baru na piwo!
;)