sábado, 23 de novembro de 2013

Renovando as energias em Conceição do Ibitipoca

Janela do Céu


A primeira vez que fui à Ibitipoca foi no terceiro período da faculdade, em 2009. Um amigo, o JG, tinha casa lá e nos chamou para passar um feriado nesse pequeno vilarejo. Inicialmente, o convite não me chamou muita atenção. Fui pela companhia dos amigos e não por curiosidade pelo local. Afinal, se era para ver serra, cachoeira e fazer trilhas, eu poderia ir para Carvalhos.

Mas a experiência foi completamente diferente da imaginada. Ibitipoca encanta à primeira vista. Impossível não se apaixonar pelo lugar e querer voltar sempre e sempre. Por mais que eu já estivesse acostumada com montanhas e parques, Ibitipoca tem uma magia diferente, impossível definir. Quem conhece sabe muito bem do que estou falando. E por esse motivo, o arraial se tornou ícone da nossa turma, aonde íamos com frequência e até fizemos as fotos do nosso convite de formatura por lá.





Ibitipoca está para Juiz de Fora, assim como Petrópolis está para o Rio de Janeiro. Como bom carioca do brejo, é preciso eleger uma serra. E tenho que admitir que Ibitipoca foi uma excelente escolha!

Conceição do Ibitipoca, localizada na Serra da Mantiqueira, fica a 27 km de estrada ruim, morro acima (você tem a impressão que vai chegar no céu, mas não chega em Ibitipoca) de Lima Duarte, cidade a qual o distrito pertence. Com somente 1.004 habitantes, não se assuste se você conseguir comprar pão no açougue ou se na farmácia vender sorvete. Fundado em 1718, um dos mais antigos povoados de Minas ainda guarda marcos de riquezas conquistadas neste período. Uma delas é a Igreja Matriz em estilo barroco, erguida em 1768 sobre a antiga ermida dedicada a Nossa Senhora da Conceição, do século XVII. Na parte baixa da vila, os negros, proibidos de frequentar o templo dos portugueses, construíram no século XIX a Igreja Nossa Senhora do Rosário. Ambas tombadas pelo Patrimônio Histórico. O arraial ainda preserva as ruas de terra e pedra, os forrós pés-de-serra e as rodas de viola aquecidas com fogueira e cachaça.

Igreja Matriz

Fogueira e violão


Parque Estadual do Ibitipoca

Conceição do Ibitipoca abriga uma das mais belas reservas naturais do país, o Parque Estadual do Ibitipoca. Com uma área de 1 488 hectares e a 4 km do arraial, a reserva é emoldurada por penhascos, grutas, paredões, mirantes, riachos de águas avermelhadas e muitas cachoeiras. As trilhas sinalizadas levam a paisagens inebriantes, como a Janela do Céu, uma corredeira que segue por um cânion e acaba em uma cachoeira de 20 metros, que despenca de um paredão. O trajeto é puxado - sete horas ida e volta - mas a aventura vale à pena.

Janela do Céu

Já para àqueles que não tem tamanha disposição, há outras trilhas que conduzem a cenários também encantadores como o pico do Pião, a Prainha, a gruta dos Viajantes, a cachoeira dos Macacos, o Lago dos Espelhos e muitos outros.

Parque Estadual do Ibitipoca

Parque Estadual do Ibitipoca


Sinalização dentro do Parque

Parque Estadual do Ibitipoca

Parque Estadual do Ibitipoca
Parque Estadual do Ibitipoca


Infelizmente não é permitida a prática de esportes como mountain-bike, cavalgada e off-road dentro do parque, mas sempre rolam esses esportes nos arredores, onde a galera aproveita os obstáculos naturais para explorar vales e montanhas.

No mês de agosto, há o evento Ipiranga Ibitipoca Off Road que sai de Juiz de Fora em direção as trilhas que levam a Lima Duarte e a Ibitipoca.

A entrada no parque custa R$ 5,00 nos dias úteis e R$ 15,00 sábados, domingos e feriados. Estudantes pagam meia. Crianças menores de 5 anos e idosos acima de 65 estão isentos da taxa. Lembrando que o funcionamento do parque é de 7h às 18h e ele não abre na segunda-feira.

Vida Noturna em Ibitipoca


O Bar do Firma é o ícone da vida noturna de Ibitipoca. Um bar rústico, no qual a pinga desce do teto, todos sentam em pedaços de madeira, com bananeiras e ossadas como decoração. Se você for ao vilarejo e não visitar o Bar do Firma, é o mesmo que não ter ido a Ibitipoca.

A pinga descendo do teto no Bar do Firma

Decoração Bar do Firma


No centro do povoado fica o Ibitilua, onde rolam shows e festas nos fins de semana e feriados.

Fachada do Ibitilua

Ibitilua


Os principais eventos são os festivais de jazz (julho) e blues (agosto) que lotam a serra no inverno. 

O que comer em Ibitipoca


Os restaurantes do povoado são o Alphaparque, que é o restaurante do Parque Estadual do Ibitipoca, o Oliva Bistrô, o Alto dos Manacás, o Alpha-ville, o Via Veneto, o Cleusa's Bar, a pizzaria Serra Nostra e a Macambira.

O pão de canela é a principal gastronomia da vila.

Onde ficar em Ibitipoca


São muitas as pousadas, hospedarias e chalés do local. No site Ibitipoca Tur você encontra um mapa com a localização de cada hospedagem. Também há lista de casas para alugar por temporadas.

Já para os que preferem camping, existem três opções: Camping do Parque Estadual do Ibitipoca – onde você já fica dentro do parque, Camping Reserva Canto da Vida, Camping Ibitilua.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Conta aí: A vida universitária em Coimbra

Por Jéssica Costa*


Aqueduto de São Sebastião


Chove em Coimbra.


No final de setembro foi a primeira semana de aulas na Universidade de Coimbra e de adaptação à casa nova. E também foi a do primeiro almoço feito em casa, por mim, sozinha - como quem me acompanha no Facebook já sabe, porque fiz questão de evidenciar publicamente meus dotes culinários. 


Primeiro almoço vegetariano à brasileira feito por mim mesma na Europa

Meus hábitos, sem dúvida, estão mudando. Não vejo mais TV, por exemplo (não porque eu não queira, mas porque não tenho uma). Em compensação, meu computador agora é quase uma extensão do meu corpo, já que a internet tem sido uma ferramenta fundamental pra eu manter contato com minha família e meus amigos (que são também minha família) e, assim, me manter minimamente sã (risos).


Dentre as descobertas dos últimos dias estão a de que Fela Kuti é um som ótimo para ouvir enquanto se cozinha e que a língua italiana é a mais linda e sonora da face da terra (estou fazendo aulas e tendo um caso de amor com cada palavra nova que aprendo *.*). Também descobri que vou voltar para Juiz de Fora com as pernas torneadas, porque quase todos os dias (às vezes, mais de uma vez por dia) eu preciso subir SÓ 125 degraus da escada monumental da Universidade de Coimbra para ir para aula - não é à toa que ela é chamada de “monumental”.


Universidade de Coimbra

Acho válido pontuar que me sinto muito em Hogwarts andando entre os estudantes com suas togas negras pelos corredores daquela Universidade de Coimbra que tem...o quê? Só uns 700 e poucos anos. As meninas aqui também não penteiam o cabelo e não sabem o que é chapinha (me identifico!) e andam por aí esvoaçando suas capas pretas pelas ruas com outras Hermiones e Harry Potters... não tem como não se sentir numa escola de bruxaria. Acho divertido isso! 


Hermiones e Harry Potters


Pra fechar a semana, em um único dia, sexta-feira, eu consegui:


1. Me perder nas ruas estreitas de Coimbra - e descobrir lugares, e me apaixonar perdidamente por essa cidade e viver uma das experiências mais incríveis da minha vida (porque eu não “me perdi” no sentido figurado, eu fiquei sem saber onde eu estava de verdade - e foi lindo!);
2. Assistir a uma apresentação de experiências científicas, incluindo bolhas de sabão que explodem com fogo;

3. Descobrir que eu moro a dois minutos de uma das melhores baladas de Coimbra;

4. Dançar forró, Ragatanga, “Novinha, mãos para o alto”, e “PRE-PARA”, passando ainda por “Anna Júlia” e “Macarena”, como se isso não fosse algo realmente constrangedor e deprimente.



Ontem fiz novos amigos portugueses, que conhecem as novelas brasileiras melhor do que eu, que sou (quero dizer, era - porque agora não tenho TV) noveleira, e me apresentaram ao 'Pimba', um tipo de música popular portuguesa (e olha, Mr. Catra pega super leve nas letras se comparado ao Quim Barreiros!). 



À sério: não tem nada neste mundo que pague a troca cultural que estou vivenciando aqui, e já não tenho dúvidas que essa é a melhor parte do intercâmbio: as pessoas. Hoje a única certeza que eu tenho é de que só a vida compartilhada vale a pena.





*Jéssica Costa é aluna do curso de História da Universidade Federal de Juiz de Fora e está realizando intercâmbio acadêmico na Universidade de Coimbra, onde ficará durante seis meses. Ela escreverá mensalmente contando sua experiência em terras lusitanas para a gente. Aguardem!