segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Conta aí: A vida universitária em Coimbra

Por Jéssica Costa*


Aqueduto de São Sebastião


Chove em Coimbra.


No final de setembro foi a primeira semana de aulas na Universidade de Coimbra e de adaptação à casa nova. E também foi a do primeiro almoço feito em casa, por mim, sozinha - como quem me acompanha no Facebook já sabe, porque fiz questão de evidenciar publicamente meus dotes culinários. 


Primeiro almoço vegetariano à brasileira feito por mim mesma na Europa

Meus hábitos, sem dúvida, estão mudando. Não vejo mais TV, por exemplo (não porque eu não queira, mas porque não tenho uma). Em compensação, meu computador agora é quase uma extensão do meu corpo, já que a internet tem sido uma ferramenta fundamental pra eu manter contato com minha família e meus amigos (que são também minha família) e, assim, me manter minimamente sã (risos).


Dentre as descobertas dos últimos dias estão a de que Fela Kuti é um som ótimo para ouvir enquanto se cozinha e que a língua italiana é a mais linda e sonora da face da terra (estou fazendo aulas e tendo um caso de amor com cada palavra nova que aprendo *.*). Também descobri que vou voltar para Juiz de Fora com as pernas torneadas, porque quase todos os dias (às vezes, mais de uma vez por dia) eu preciso subir SÓ 125 degraus da escada monumental da Universidade de Coimbra para ir para aula - não é à toa que ela é chamada de “monumental”.


Universidade de Coimbra

Acho válido pontuar que me sinto muito em Hogwarts andando entre os estudantes com suas togas negras pelos corredores daquela Universidade de Coimbra que tem...o quê? Só uns 700 e poucos anos. As meninas aqui também não penteiam o cabelo e não sabem o que é chapinha (me identifico!) e andam por aí esvoaçando suas capas pretas pelas ruas com outras Hermiones e Harry Potters... não tem como não se sentir numa escola de bruxaria. Acho divertido isso! 


Hermiones e Harry Potters


Pra fechar a semana, em um único dia, sexta-feira, eu consegui:


1. Me perder nas ruas estreitas de Coimbra - e descobrir lugares, e me apaixonar perdidamente por essa cidade e viver uma das experiências mais incríveis da minha vida (porque eu não “me perdi” no sentido figurado, eu fiquei sem saber onde eu estava de verdade - e foi lindo!);
2. Assistir a uma apresentação de experiências científicas, incluindo bolhas de sabão que explodem com fogo;

3. Descobrir que eu moro a dois minutos de uma das melhores baladas de Coimbra;

4. Dançar forró, Ragatanga, “Novinha, mãos para o alto”, e “PRE-PARA”, passando ainda por “Anna Júlia” e “Macarena”, como se isso não fosse algo realmente constrangedor e deprimente.



Ontem fiz novos amigos portugueses, que conhecem as novelas brasileiras melhor do que eu, que sou (quero dizer, era - porque agora não tenho TV) noveleira, e me apresentaram ao 'Pimba', um tipo de música popular portuguesa (e olha, Mr. Catra pega super leve nas letras se comparado ao Quim Barreiros!). 



À sério: não tem nada neste mundo que pague a troca cultural que estou vivenciando aqui, e já não tenho dúvidas que essa é a melhor parte do intercâmbio: as pessoas. Hoje a única certeza que eu tenho é de que só a vida compartilhada vale a pena.





*Jéssica Costa é aluna do curso de História da Universidade Federal de Juiz de Fora e está realizando intercâmbio acadêmico na Universidade de Coimbra, onde ficará durante seis meses. Ela escreverá mensalmente contando sua experiência em terras lusitanas para a gente. Aguardem!

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