quinta-feira, 17 de junho de 2010

Perguntar ofende!




A televisão brasileira passa por uma fase onde os programas humorístico estão cada vez mais voltados para causas de interesse social. Programas como CQC, Pânico na Tv e Legendários utilizam de seu espaço para fazer críticas de forma bem humorada.

A moda atual é pegar no pé de quem realmente a impressa deve fiscalizar: os políticos. Eles vão à Câmara dos deputados e tentam entrevistá-los, fazendo perguntas sobre assuntos que estão em pauta no governo. Um quadro conhecido do Programa CQC é o teste de qualidade, onde os jornalistas tentam descobrir se os deputados estão por dentro do que está acontecendo na política do país.

No último programa do CQC, que foi ao ar na segunda-feira, os repórteres apresentaram uma proposta fictícia de emenda à Constituição na qual incluía um litro de cachaça no Bolsa Família. Por mais absurdo que pareça, a maioria dos deputados subscreveram no abaixo-assinado.

Ao ser abordado por equipe do programa, o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) surtou após saber o que assinara. Na confusão, um cinegrafista teve parte do equipamento danificado. A repórter Monica Iozzi chegou a ser empurrada. E as imagens foram para o ar.

Após o ocorrido, o presidente interino da Câmara, Marco Maia (PT-RS), recomendou à assessoria jurídica da Casa que defina normas para evitar o “constrangimento” de parlamentares por parte de jornalistas. O deputado se sentiu constrangido ao ser pego assinando emendas sem ler e ainda alegou que agiu legitimamente em defesa da instituição a qual pertence há 30 anos. Parece que para nossos excelentíssimos deputados, os jornalistas se excedem querendo saber sobre o que eles andam fazendo, no exercício de suas funções, em prol da sociedade.

A assessoria de imprensa da Câmara afirmou que sempre liberou a entrada de programas como o CQC, mas que é necessário "mais diálogo" com essas equipes sobre as “formas de abordagem” dos deputados. Na Câmara, o método de abordagem por meio de perguntas, ofende.

É, caro leitor, pelo visto, voltamos aos tempos da censura. A liberdade de impressa está sendo ignorada por nossas autoridades.

Deputado, a culpa não é da impressa se o senhor ainda não aprendeu a ler, mesmo depois de 30 anos de mandato.

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